20.1.13

I



  Perdi paixão pela vida e as oportunidades tornaram-se escassas como a própria vida. Em algum lugar me esqueci do elo que firmava mente, alma e corpo; coagulei minhas últimas esperanças, e chega um momento em que você descobre que tudo o que te ensinaram não tem mais nenhuma valia e ainda assim seria melhor deleitar-se no desconhecimento, ser apenas uma pessoa.
  Mendigando no auto esquecimento a cada nova semana; sempre que olha no espelho tem algo que quer te matar e por entre os labirintos de tua face tem alguém que queremos esquecer, ainda que sempre te lembrem, e me lembrem de que existiu um passado. Devaneei minhas memórias à uma mundo sem luz, reparti as pronuncias e apaguei delas o significado, posso aprender melhor a rastejar pela ignobilidade. Espalhei-me quando ainda era uma só alma, perdi uma boa parte de minha essência – me refiz em antíteses.
  Algum dia serei o sentido que não tenho mais vontade de solapar, ainda ele sendo minhas últimas hastes – como um perfume que caiu no chão e, desfocado, espalha sua fragrância, preenchendo os últimos espaços. Espero que amanhã não precise mais desse corpo, – e não ser uma gota no oceano – camuflar meu último pedaço onde há luz, não vou mais me furtar.

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