25.6.13

XXXIV (Talvez, amor)



Nossos olhos se perdem
E o tempo torna-se infinito;
E os operários tecem
Bugalhas de vento que eu nunca vi.

E as nuvens se percebem Mateus Baltasar
Chovendo águas vinda de Paris;
Nossos olhos voltam a se encontrar,
Minha mão alisa tua face e diz coisas que nunca senti.

Apenas com você, minha língua rude
Não blasfema os anjos;
Então, eu te amo amiúde.

Nossos corpos molhados por essa chuva que nunca cessa;
Um cachorro nos olha e não sabe onde eu termino e tu começas;
A relva se desdobra
Para produzir outras terças como essa.

E eu coloco em teu pescoço uma corda
Que quanto mais aperto,
Mais afundo;
E meu coração se esbanja na terra onde pisastes teus pés.

Apenas com você, aureolas possuem significado;
Com tanta beleza até Deus se confunde;
Então, eu te amo amiúde.

13.6.13

XXXIII

Desconsiderar qualquer forma de tradição é o princípio.

Frases que esquecemos em momentos oportunos.
Pausa involuntária, há um tédio em apresentar as nossas maneiras.
Na realidade, está faltando inspiração.

Como um nascido nos noventa sem censo de direção,
Incendiarei o mundo.
Essa é a minha tensão, meta.
Minha consideração pelo o que ainda sobra de veracidade.

7.6.13

XXXII (meio-dia e trinta e dois)

Olho por cima dos seus ombro,
E penso - não sou como eles.

A todo instante tudo está morrendo.
Medrosos como cachorros,
Escravos entre escravos,
A mais doce forma de alienação.

Como algo insuportável perdura tanto tempo?

Uma foto sua me acalma,
Queria fazer um poema para você.

1.6.13

XXXI (Diluído)

Buscando por inovações,
Poderíamos relaxar escutando uma rádio alternativa.
Mas de inédito passaria rapidamente para cansativo, monótono.

Tentando pensar de uma maneira diferente,
Ainda não sabendo o que é o suficiente para isso.

Estou num rio onde não passam a cavalo,
Em cada sentimento
Tive de demonstrar o que eu não tenho,
Tudo bem, me colocaram dentro do jogo.

Alguém arrancando fora cada parte de seu corpo
Apenas para saber o que era por dentro,
De algumas partes não reconhecíamos o gosto.