16.7.13

XXXVI (Não quero mais ser eu)

Quando sento no sofá, não quero mais ser eu;
Quando penso em algo, não quero mais ser eu;
Enquanto eu me perturbo, não quero mais ser eu;
No dias de chuva, nas noites quentes, eu não quero mais ser eu;
Sozinho com mil cegos, não quero mais ser eu;
Sangrando no banheiro, não quero mais ser eu;
Escrevendo isso, não quero mais ser eu;
Raivoso e em paz, não quero mais ser eu;
Fazendo o que não quero e pelo tanto que quero, não quero mais ser eu;
Cansado de ser livre, prostrado na cadeira, não quero mais ser eu;
Em meio ao protesto, procurando pelo resto, não quero mais ser eu;
Lembrando do asfalto, do chocolate errado, não quero mais ser eu;
Cabelos cortados.
Fazendo o que não quero e pelo tanto que quero, não quero mais ser eu.

Eu não sei - falhei, falhei, falhei.
Como homem, humano.
E principalmente como eu.

11.7.13

XXXV (Revolta)

Eu só queria te passar um pouco da minha indignação,
Não é tão difícil assim se você parar para pensar,
Ou é.

Não aceito o que me deram,
Não queria o que me dão.
É melhor parar de se adaptar tão fácil.

Que a alma, simplesmente, caiba.