25.6.16

LVIII (Mártir sob o sol)

Que vontade louca de enlouquecer;
Saio de casa apressado, com rumo, mas sem norte.
Minha luz interior queimou.

Vamos brincar com uma máquina de corte?!
Quem de nós ficar vivo carregará sobre os ombros
O ardor de inúmeras gerações:
De não ser o que se quer,
De falecer ainda em vida.

O caso que está (ex)posto não somente  necessita a cura,
Há que se ter admiração pelo mar
E alguma malícia para ousar.

Mudar a história não é fácil e demora,
Por vezes até penso que o próprio tempo nos explora,
Nos fazendo esperar para se o que sonhamos irá ocorrer.

Sonhamos diferente,
Cada um pro seu lado.
O odor de dor infesta o ar
E acabou com minha plantação.

15.6.16

LVII (Sem Sobrenome)

De nada vale a academia se o povo não está nela.
Digo o verdadeiro povo, que carrega nas suas cores diversas dores feitas de sangue e outros diversos colonizadores.
Tanto o curso técnico quanto a escola sem professor são meros paleativos para fingirem que sou colaborador.
Em verdade vos digo: esse país não merece o povo que tem.

Por que meus amigos de escola e infância não conseguem entrar na faculdade?
Os acadêmicos são tão tolos que nada conhecem da vida,
E os que sempre andei, já tem filho, trabalho e marmita.
Pudéssemos estudar nos colégios caros não correríamos os riscos de nunca sermos ricos, de termos que tomar cuidado com os vícios, de ter medo de perder.

Não sei se é melhor aprender pelo bem ou pelo mal,
Só sei que tivemos que aprender.
Não tivemos tempo para sonhar,
Foi apenas a luta que nos foi imposta, apenas para sobreviver.

Quem não viveu isso sempre teve lugar certo na faculdade,
A vida é isso: feita de ciladas e oportunidades.

A academia fala para si só,
E quer que digamos amém?
Cês acham que tão falando com quem?
Sem diploma, sem sobrenome, acabei perdendo o trem.

14.6.16

LVI (O Brasil não deu certo ainda)

Sabe a vida real?! Essa que não se sabe se mora ao lado ou trabalha de contínuo aqui e acolá.
Essa mesmo que escarra em tua ideologia, renega qualquer teoria e vez em quando vem pra perturbar. Geralmente nos meios de comunicação, que dão a versão que melhor te capta, mesmo que na essência não te agrada.
Parece ser distante, um outro país, fechei os olhos e a vida passa para os que têm casa até os que rezam por mim e por cada... exceto se o miserável tem a vida destrambelhada.
Então, a culpa é unicamente de quem procurou tal destino, mesmo que as primeiras agruras ocorreram quando ainda éramos meninos.

Nas empresas que erguem onde destroem, seja na África ou América Latina;
Aquele bocado de gente fina que detém metade de nossas terras;
Por todos os meninos que vagam nas ruas procurando cama, comida ou alguém para roubar;
A política que se beneficia dos bolsões de miséria e quando entronados enviam apenas a polícia;
Por nossos heróis perseguidos e assassinados - de Zumbi a Marighella;
Pelos outros que sobrevivem as dez horas diárias nas labutas;
A concentração de riqueza que se blinda por causa da distribuição de pobreza;
Pelas traições e pelas causas perdidas -
O Brasil não deu certo.
Ainda.

Se quiser me acusem de quinta coluna,
Também não torço por essa seleção,
É que a vida real me magoou faz tempo e
Talvez não tenha volta,
Por mais que ame essas ruas e nossos povos.

11.6.16

LV (Hoje é o que basta)

Uma sensação estranha me passa por entre os orgãos;
Teimo por procrastinação,
Ainda que me faltando mãos para tocar a orquestra.

Não quero me cobrar a perfeição;
Talvez eu não seja um gênio ou coisa do tipo.

É bom estar de volta depois de correr mundo e encontrar nada.
Ainda estou em tratamento.

Sou e serei indignado mesmo que escolhendo qual dignidade usar para contigo,

Em uma conversa íntima me foi revelado que posso realizar tudo que desejo,
Mas cada coisa me cobrará um preço.
Eu pago.

Quero voltar a ser novo mesmo que velharias se escondem em minhas memórias e traumas.
E mudei.
Pelo menos
Só por hoje.

LIV (Falta Tempo)

"Como Deus,
Normalmente esqueço minhas criações.
Então, por vezes me queimo quando na realidade quero (nos) reinventar.
Há loucos harmonizados com determinado equilíbrio;
Outros são sãos, vendem a própria ideologia e escondem qualquer desinformação.
E quem tem razão? Cada um sabe onde o calo aperta;
Não quero julgar e nem que me suicidem enquanto aspiro perfeição.
O jogo se torna mais sujo a cada máscara que cai;
Quem acha que estamos mortos não percebeu que muitos sonhos se foram no esquecimento,
E respiramos, ainda.
Faz tanto tempo que não escrevo,
Basta dizer que de tudo me arrependo e também sinto falta.
E disso tudo, é o pouco que me resta."