18.9.13

XLIII

De seis em seis meses eu me acho um idiota.

Ainda queria sentir raiva da minha mãe, de meu pai e de mim,
Mas não sinto;
E o que pode ser um homem sem raiva?

Estamos sendo muito egoístas na arte, eu sou;
Sabe, a vida já é, os pusilânimes são os primeiros a serem escolhidos para o time;
Quando eu era criança não era assim.

Talvez alguém já pensou no que segurar quando as próprias ideias enganam,
Mas não são ou eram ideias próprias.

O menino sensível cometeu suicídio,
Ele não tinha outra alternativa.
Eu presenciei e pude sentir ele indo embora,
Acho que não dói mais, se é que um dia doeu.

O que magoa é saber que nesse mar não tem cabelos para, ao menos, ajudar.

13.9.13

XLII (Só um grande poema)

Sabe, é bem duro saber que as coisas podem não dar certo.
Anos desperdiçados, vinte anos e ainda tento escrever,
Mas ninguém lê e tenho muita preguiça.
Tenha batalhado para não perder meus sonhos, talvez de uma forma não tão sincera;
Não existe nada que não seja nocivo,
A verdade principalmente.
Sou um peixe egoísta, e as ondas sonoras difundiram-se, provavelmente perderam o sentido,
Inocência foi misturada num saco onde tinham os plásticos e os bebês sensíveis.

Mas ainda há uma voz interior que diz
- Qualquer coisa é melhor fazer sozinho.

Tentei fazer parte do grupo, desculpe.

5.9.13

XLI

Como um filhinho de Deus não vou me matar,
Como um filhinho de Deus quero morrer.

Estamos ficando velhos,
E eu idiota,
Mas ela me disse que não existe homem como eu.

30.8.13

XL (23/07/11)

Num vinte e três de julho volto às vinte e três horas,
Volto de um festa boa, mas eu estava chato;
Não chato, estava só... estou só como nunca.
Porém não é a isso que escrevo.
Volto cedo pois no dia seguinte seria aniversário da minha vó;
Ela estava eufórica, faria sessenta anos, talvez achasse que nasceria de novo.
Chego então no horário que já citei;
Minha mãe estava chapada de calmantes,
Falava uma porção de merda,
Chegando até a quebrar copo,
Achei que iria acabar com tudo...
Antes fiquei com medo de eu acabar com tudo,
Pois sempre acabei com as festas de família.
A inveja que ela sente por sua irmã e, quiçá, o ódio que sente por mim estavam visíveis a olho nu.
Então comemos o bolo,
Todos foram dormir,
E aqui estou eu mais só do que nunca.

24.8.13

XXXIX (Tanta solicitude em um soneto)

Ela chapiscou o oceano em minha face,
Sentei perto do ralo e quando dei conta ela tirava as minhas medidas;
Levou-me ao banheiro e beijou como homem, pendurou no ombro uma flor
E o seu medo não tinha rosto. Repouso em seu colo, deduzo a cor por pura paranóia.

Encosta em minha cabeça um caderno, suando e   
Ao mesmo tempo é frio. Crio que está dura moldar.
Sumiu bem devagar, levou café,
Quebrou o piso com um salto. 

Me mostra sua virilha,
Retira o ar que já não tinha,
Entorpece no meu gosto.

Dependia de uma sina,
Era tão menina,
E estava morto. 

15.8.13

XXXVIII

O filho é meu, mas poderia ser de qualquer um.
A minha suplica pode ser a súplica de qualquer um.
Essa tempestade não fui só eu que fiz.

Me odeia, mas poderia odiar qualquer um.
Minto e poderia ser qualquer mentira.
Eu leio sacanagem. STOP numa placa e sensação desleixada.

E se para de fazer algo que faz parte do ser.
Sem prós e sem contras, apenas. Apego.
Desinteresse.

7.8.13

XXXVII

Mesmo não apresentando perigo, não significa que esteja equilibrado.
Bem, não me importar mais foi a resposta, minha crítica,
Uma crítica deliberada a mim mesmo.

Algo belo em nossas mãos,
Só isso basta na sede de saciar,
O que não tem limites e nem nunca terá.

Não posso deixar na minha cabeça as minhas falhas.